CONVITE EXPLÍCITO Painel do site nas ruas de Nova York. “A vida é curta. Tenha um caso”, diz o anúncio |
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Nos sites de namoro da internet, há muita mentira e traição. Muita gente se diz disponível, mas na verdade não está. Estima-se que 30% sejam casados ou mantenham um relacionamento estável, embora afirmem ser solteiros, separados, divorciados ou viúvos. Mentir sobre o estado civil pode ser uma forma de tentar atrair mais parceiros e também de autoproteção. Nem todo site de namoro oferece a combinação de discrição, segurança e conforto desejada por quem quer “pular a cerca”. Agora, a infidelidade virtual deverá ficar mais fácil. Em setembro, o Ashley Madison, o mais bem-sucedido site internacional de relacionamentos extraconjugais, promete lançar sua versão brasileira (ashleymadison.com.br). O slogan do site – “A vida é curta. Tenha um caso” – não deixa dúvidas quanto às intenções. “Queremos oferecer um ambiente para quem for casado poder encontrar parceiros na mesma situação e ser aberto e honesto sobre o que está procurando”, disse o empresário canadense Noel Biderman, fundador do Ashley Madison, em entrevista a ÉPOCA.
Criado em 2002 em Toronto, no Canadá, o Ashley Madison tornou-se uma espécie de meca digital do adultério. Hoje, segundo Biderman, está presente em dez países, sem contar a Espanha, onde deverá ser lançado em maio. De acordo com ele, há 8,7 milhões de usuários em todo o mundo – 6,8 milhões só nos Estados Unidos (leia o quadro ao lado). Em 2009, o site lançou aplicativos para iPhone e BlackBerry, que permitem acessar o serviço pelo celular sem deixar pistas eletrônicas para mulheres e maridos desconfiados.
Como nos sites convencionais de namoro, o Ashley Madison oferece aos usuários perfis personalizados, com suas preferências sexuais, conversas on-line e troca de mensagens. Eles não pagam nada para preencher seus perfis no site e navegar pelos perfis alheios. Só pagam para enviar as primeiras mensagens a quem lhes interessar. As demais mensagens ao mesmo usuário são gratuitas. Lá fora, o site vende um pacote de créditos que pode ser usado para contatar até 20 pessoas por US$ 49. No Brasil, o preço ainda não está definido. É um sistema que os americanos chamam de pay as you play (pague à medida que se divertir). Apesar de ser voltado para os casados, não há nenhuma barreira a solteiros que queiram se relacionar com alguém casado.“Muitas mulheres que se cadastram no site se dão conta de que nem precisarão comprar os créditos e poderão encontrar seus próximos amantes de graça”, diz Biderman. “Os homens é que vão comprar e estabelecer a comunicação.”

Biderman espera alcançar no Brasil o mesmo sucesso obtido no exterior. Ele pretende amealhar de 2 milhões a 3 milhões de usuários no país em um ou dois anos. Se essa expectativa se confirmar, o Brasil ocupará o terceiro lugar no ranking global de usuários do site, atrás apenas dos EUA e da Alemanha. “O Brasil é um dos países mais infiéis do planeta”, afirma.

Ao mesmo tempo é preciso ver esse resultados com reserva, em geral, poucas pessoas admitem que são infiéis, especialmente as mulheres. No Brasil, de acordo com a pesquisa apenas 0,8% das mulheres admite ter relacionamentos extraconjugais. se as informações sobre a infidelidade no país estiverem certas, cada mulher infiel teria de manter relações com 15 homens diferentes – o que é pouco provável. Ele recorre às informações reveladas pelos usuários do site para afirmar que a infidelidade feminina no Brasil é maior que isso. Do total de brasileiros cadastrados na versão americana do Ashley Madison, as mulheres representam 25% – proporção que atinge, em média, 30% nos dez países em que o site atua e chega a 40% na Austrália.
Biderman é acusado de estimular o adultério, promover a promiscuidade e construir um negócio em cima de corações partidos. Recentemente, a Fox, uma das maiores redes de TV americanas, recusou-se a aceitar um comercial do site que deveria ser veiculado durante um jogo do Super Bowl, a liga do futebol americano, sob a alegação de que era “inadequado” ao público. O Facebook, maior rede social do mundo, seguiu o mesmo caminho. Aos críticos, Biderman diz que não é capaz, sozinho, de estimular ninguém a cometer o adultério. “Isso é algo que faz parte da vida das pessoas. Somos só uma plataforma”, afirma. “Nenhum site ou anúncio de 30 segundos na TV vai convencer ninguém a trair. As pessoas traem porque a vida não funciona para elas.”
fonte: JOSÉ FUCS (Revista ÉPOCA)

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